quarta-feira, 16 de julho de 2014

Quando se invertem os papéis

Quando se invertem os papéis tudo se complica.


Fomos educados a respeitar os mais velhos, a não lhes levantar a voz, a não os interromper com um toque no braço quando falam, porque o assunto é desinteressante, ou quiçá na sua óptica inoportuno, não lhes passávamos atestados de estupidez, apesar de na sua maioria, os mais velhos, serem analfabeta e nós os mais privilegiados já um pouco diferenciados.

Nem se tinha a coragem de os tratar por tu... era o Senhor ou a Senhora...

O 25 Abril não abriu portas... escancarou as barreiras do correto, eram só facilidades para não se ser "fascista"...

E a geração  que desabrochava nesses anos setenta tornou-se cobardemente permissiva para os seus descendentes.

Não se diziam aos pais:  "Não preciso de ti para nada!"

Porque  dos pais precisamos sempre!
Podemos ser independentes como pessoas, financeiramente constituir a nossa própria família, mas dos pais precisamos sempre...

Os pais são os pais.

Têm seguramente mil defeitos, mas também têm qualidades, e são eles que  nos dão tudo desde que nascemos... E se mais não dão é porque  não sabem ou não têm.

E este  "dar" não é  o lado monetário em questão,  é o amor, é a disponibilidade, é o colo, é o porto de abrigo, isso só os pais têm para dar.

E não há lágrimas,  nem arrependimentos que colmatem as nossas falhas perante eles  no dia que os vemos partir.

Sei tão bem do que falo...

Fica o remorso, a impotência, perante o que não se fez e poderia ter sido feito, perante o que se magoou  sem qualquer necessidade, perante o silêncio do desprezo, quando um simples"olá" lhes aconchegaria o seu dia.

Os tempos mudaram, e foi tão rápido...

E como num piscar e olhos tentamos enxergar ao redor e apenas se constata que os papéis se inverteram.

E é sinal que estamos a ficar tão velhos como os velhos da nossa juventude, mas  menos respeitados que outrora.

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